História
Origem dos Bombeiros de Alpiarça
A história do surgimento do quartel dos Bombeiros Municipais de Alpiarça não se encontra escrita, estando presente na voz daqueles que a viveram (e vivem) ao longo dos tempos.
Atentas a esta falta de Identidade Organizacional e porque com os anos as memórias vão atraiçoando os contadores de histórias, recolhemos junto do Sr. José Fernando David Lopes (antigo Chefe Zé Peixe, como gosta de ser tratado), o relato de quem viveu os momentos da criação de raiz da Corporação.
A Corporação foi iniciada em 1949 pelo Presidente da Câmara da altura, Dr. Raul José das Neves. A vila de Alpiarça já contava com bastante população, contudo não dispunha de uma corporação de bombeiros. Quando havia um sinistro, era chamada a corporação de Almeirim, Chamusca ou Santarém. Todavia, era hábito ser Almeirim a acorrer, dada a proximidade. Assim, entendeu criar-se uma Corporação em Alpiarça.
O Dr. Raul das Neves foi comandante representativo, tendo convidado para o cargo o Sr. Pinto de Menezes. Este foi considerado o primeiro Comandante, dado que exerceu funções efetivamente dentro da Corporação.
Os bombeiros apesar do caráter voluntário, pertenciam à Câmara devido à dificuldade em arranjar associados que os financiassem através do sistema de quotas. Atendendo às contrariedades inerentes ao contexto da época, entendeu o Dr. Raúl das Neves subsidiar a corporação com dinheiro do Município.
A primeira viatura dos bombeiros foi uma Ford (que se encontra atualmente em restauro), cujo combustível e reparação era também financiada pela Câmara. É nesta altura que o Dr. Raúl das Neves entende formar efetivamente a primeira corporação de bombeiros.
Em 1958 morre o Comandante Pinto de Menezes, sucedendo-lhe no cargo, muito embora sempre interinamente, o Sr. Joaquim Alcobia Matias (que também foi Presidente da Câmara após o 25 de abril de 1974).
Em 1959, o Sr. Francisco Batata Correia, foi convidado para assumir funções de Comandante efetivo da Corporação.
De acordo com as palavras do chefe Peixe “O Sr. Francisco Batata Correia, no fundo foi o obreiro do atual quartel (…) muniu-se de pessoas na corporação com formação: bons mecânicos, bons pintores, bons pedreiros, bons carpinteiros, pois teve a possibilidade de efetuar essa escolha.”
Todavia, foi apenas em 1961/62 que a primeira ambulância chegou ao quartel de Alpiarça, doada pela Santa Casa da Misericórdia, por não possuírem motorista para a mesma. Os serviços até então eram assegurados por civis que, de forma graciosa disponibilizavam a sua boa vontade em prol das necessidades alheias.
Segundo o Chefe Peixe relata:
“ naquela altura todos trabalhavam gratuitamente. Não havia ninguém a ficar no quartel (…), até há aí um episódio engraçado (…) a sirene ‘tava no mercado e tinha uma portinhola e há aí um indivíduo que é o Guerra, que era ferrador e bebia uns copos e, chegou lá e partiu o vidro daquilo e, começou a tocar a sirene e, a rapaziada vem: Então, ó Guerra o que é que se passa? E, ele com os copos era assim: Sou eu, é o Guerra que `tá a arder”.
Em virtude desta situação a sirene foi deslocada para o edifício da antiga Câmara (e atual GNR). Quando a sirene tocava, os bombeiros tinham que ir buscar a chave para abrir o portão ou, se fosse alguém particular, tocava à campainha. Felizmente com os tempos as situações foram evoluindo.
Em 1993, nascia o atual quartel dos Bombeiros Municipais de Alpiarça, assente na vontade e disponibilidade de todos aqueles que contribuíram na altura e vêm agora o seu nome registado numa placa dourada à entrada para a central, em jeito de reconhecimento.
Este quartel visou substituir o anterior, que se encontra atualmente junto à Guarda Nacional Republicana e serve para arrumar o material de limpeza do município.
Todavia, subsiste ainda a curiosidade em perceber como se aliou um quartel de bombeiros e uma Sociedade Filarmónica (SFA) e, que nos foi explicado pelo Chefe Peixe. Diz-nos o nosso interlocutor que também a Filarmónica se encontrava em dificuldades e, dada a ocasião pensaram em juntar-se.
Os bombeiros ocuparam o rés-do-chão do edifício, “devido às duas viaturas de que dispunham” e, a Filarmónica ocupou o 1º andar, funcionando com “direções separadas”, partilhando apenas um salão de festas existente. Na época houve uma grande contestação ao nível do jornal local e dos músicos, havendo mesmo quem dissesse que “os bombeiros iam apagar fogos com as tubas” mas com o tempo a dificuldade foi ultrapassada.
Atualmente a realidade é outra, existe permanentemente elementos de serviço no quartel que dispõem de uma panóplia de materiais que visam salvar vidas arriscando mesmo as suas, ou não fosse o seu lema: “Vida por Vida”.







